A Chuva que Revela Nossas Verdadeiras Batalhas

Foto ilustrativa de um dia de chuva

Reflexões sobre Resiliência e Solidariedade em Tempos de Adversidade


Acordei hoje por volta das 5h30, assustado, com o colchão encharcado pelas inúmeras goteiras do meu telhado desgastado. Telhas quebradas, caibros e ripas roídas por cupins, e o forro estufado por causa dos Saruês folgados que se escondem da luz e dos homens que insistem em caçá-los.

Uma viagem ao passado recente me fez lembrar das famílias do bairro Sapolândia, aqui em Santa Cruz Cabrália, que perderam tudo na última enchente. Vivendo no bairro alto, no Loteamento Paraíso do Descobrimento, minha casa não foi diretamente afetada pelas inundações, mas as consequências das chuvas não me poupam. Muitos moradores da Sapolândia tiveram que abandonar suas casas e ainda não conseguiram retornar, aguardando, esperançosos, uma ajuda que parece demorar a chegar.

Tateando pelo quarto, em busca do armário de panelas para encontrar vasilhas que contivessem as goteiras, parei e percebi: Deus tem sido generoso comigo. Apesar da angústia e da falta de soluções a curto e médio prazo, sinto-me abençoado por estar sob este velho telhado.

Pensei nas inúmeras famílias em abrigos, sem perspectiva de voltar para suas casas. Como posso reclamar das paredes úmidas e dos lençóis encharcados enquanto um estado inteiro está devastado? Posso perder o sono cada vez que a chuva ameaça cair, mas ainda assim, agradeço a Deus por não ter que sair às pressas porque a água vai invadir.

Quando pensamos que nossos problemas são grandes, devemos lembrar que há pessoas enfrentando desafios ainda maiores. Todos temos problemas e sempre teremos. Mais um dia de chuva em nossa cidade, e só me resta passar o rodo e torcer o pano de chão. Com um coração contrito, peço a Deus misericórdia pelos cidadãos do Rio Grande do Sul e pelas inúmeras famílias da nossa cidade que, possivelmente, enfrentam situações piores que a minha.

Só em pensar na minha esposa subindo a ladeira do Campo Verde nesses dias de chuva me dá vertigem. Posso não enxergar os inúmeros buracos da estrada, mas sinto no bolso cada vez que meu carro retorna da oficina, o peso do descaso do poder público em atender às demandas sociais da nossa cidade.

 

A chuva, com suas goteiras e enchentes, nos obriga a olhar para além de nossos próprios problemas. Ela nos lembra da resiliência necessária para enfrentar as adversidades e da importância da solidariedade em tempos de crise. Vivendo em um bairro alto, tenho o privilégio de não sofrer com as inundações diretas, mas isso só reforça a necessidade de empatia e ação. Que possamos sempre valorizar o que temos e estender a mão àqueles que enfrentam tempestades ainda maiores que as nossas, especialmente aqueles que vivem nas áreas baixas e nas proximidades dos rios, como na Sapolândia.

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1 Comentários

  1. Que Deus abençoe e guie as pessoas que sofreram com as enchentes que teve no Rio Grande do Sul🙏🏻❤️

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